dEUS
Os dEUS chegaram a ser uma banda interessante. Grandes álbums, grandes concertos e grandes personagens num pacote muito arty. “Worst case scenario” e “in a bar under the sea” continuam a ser referências dos anos noventa, a questão é que se seguiram dois álbums e se “ideal crash” ainda conseguia manter a imagem de uma banda coesa em evolução, “pocket revolution” é apenas um esticar da corda que se torna quase ridículo em comparação aos trabalhos anteriores. A genialidade e invenção do passado diluíram-se numa monotonia de quem nada mais tem a dizer. O concerto de dia cinco foi a prova em palco desse facto. Embora tivessem tocado bastantes músicas do último álbum as maiores ovações resultaram de interpretações menores de velhos êxitos como “suds and soda”, “little arithmetics” ou “instant street”. Apenas “bad timming” quebrou o cheiro a bafio exalado pelas músicas novas se bem que seria um b-side se fosse lançado por altura dos álbuns iniciais.
Os dEUS foram desde o inicio um palco de egos em luta onde cada álbum marcava a saida de um elemento. Se a saída de Rudy Trouvé não provoca grandes danos a de Stef Kamil Carlens marca um momento de ruptura na evolução do som da banda. Tom Barman já sem concorrência dirige o navio e encostado ao braço pop de Craig Ward cria “ideal crash”, um álbum aceitável embora longe da genialidade. O fim era o seguimento lógico porque a relevância do projecto estava em risco. “Pocket revolution” era a última hipotese da banda em confirmar o estatuto que tinha ganho. Acabou por ser o ego de Barman na recusa de abandonar o estatuto de líder de uma banda. A música ficou para trás.